Posted: 07 Mar 2012 03:13 PM PST
Ministro Afonso Florence falando da importância da juventude rural para o desenvolvimento do campo. Foto: Andrea Farias/MDA
Da Página do MDA.
“Eu
só vou à cidade quando tenho alguma expectativa de proporcionar
melhorias para o campo”. A frase é do agricultor e estudante Oscar Alan
Gomes, 23 anos, morador do município de Pão de Açúcar, em Alagoas. Ele
veio a Brasília participar do Seminário Temático da Juventude Rural,
realizado nesta segunda e terça (5 e 6 de março) pelo Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA). Com o tema “Ater para a agricultura
familiar, reforma agrária e o desenvolvimento do Brasil Rural”, o evento
debate diretrizes para as políticas públicas voltadas para a juventude
rural.
Nesta
terça-feira (6), o ministro Afonso Florence fez questão de se encontrar
com os jovens rurais. “O nosso grande desafio é universalizar os
serviços de Ater, e universalizar é tratar os desiguais de forma
diferente”, frisou. Florence ressaltou a importância de levar o debate
sobre as políticas voltadas para a juventude rural para a 1ª CNATER. “É
fundamental aperfeiçoarmos a política de Ater para que a juventude e
demais segmentos acessem os instrumentos disponíveis e os aperfeiçoem. A
Ater é de importância fundamental e com certeza a juventude vai
protagonizar importantes decisões na conferência”, declarou.
A
estimativa é que 7,8 milhões de jovens morem na zona rural do país.
Assim como Oscar, muitos deles estão se mobilizando para que essa
juventude permaneça no campo e colabore para o desenvolvimento
sustentável do interior do Brasil. “Os serviços de assistência técnica
são muito importantes nesse processo. Nós sabemos muito da produção na
prática, mas precisamos de acompanhamento técnico que priorize a
extensão rural, que vai manter o jovem no campo”, afirma.
O
jovem agricultor concilia o cultivo de grãos e a criação de pequenos
animais do sítio da família com as atividades do sétimo semestre da
faculdade de pedagogia. “Quero me especializar em educação no campo para
fortalecer minha luta pela permanência dos jovens na zona rural. Meu
sonho é ouvir o jovem dizer que não tem vergonha de ser rural e assumir
sua identidade”, conta.
Kleiton
Albuquerque, 25 anos, compartilha do pensamento de Oscar. “A Ater
agrega valor na produção, contribuindo diretamente na qualidade de vida
no campo”, diz o jovem agricultor familiar. Kleiton mora no município de
Cabaceira, a 190 quilômetro de João Pessoa (PB). Lá, ele ajuda o pai na
criação de bodes. “Com a minha experiência, percebi que a assistência
técnica voltada para a juventude contribui para que os jovens consigam
enxergar novas formas de manejo, novas técnicas, novas perspectivas de
vida”, revela.
Para
potencializar a criação familiar, Kleiton decidiu cursar veterinária.
“Meu pai é o veterinário prático da região, vacina todos os animais, mas
não tem conhecimento formal. Quero me especializar para colaborar com o
desenvolvimento da produção de animais no campo”, justifica.
Extensionista
rural há 12 anos, Germano de Barros, 29 anos, do Serviço de Tecnologia
Alternativa (Serta), acredita que “a Ater precisa ver o jovem como
profissional”. “A agricultura não é só uma questão de aptidão, mas sim
de profissionalização. Se o jovem tiver recursos, ele vai querer
permanecer no campo, e a assistência técnica precisa ter essa visão e
identificar as potencialidades da juventude rural”, ressalta.
Diretrizes
Devido
a essa importância, faz-se fundamental discutir as políticas voltadas
para juventude rural, especialmente as relacionadas à Ater. “A juventude
rural é um dos maiores grupos etários organizados no campo. Este
seminário foi o primeiro momento em que a juventude rural sentou para
debater a política nacional de Ater. Saímos daqui entusiasmados com a
perspectiva que a colocaremos a fundo o tema da juventude no centro do
de bate das políticas públicas”, afirma a assessora especial da
Juventude do MDA, Ana Carolina Silva.
Cerca
de 40 lideranças jovens de diversos cantos do Brasil participaram do
seminário. Os participantes discutiram proposições de modificações e
criação de políticas públicas direcionadas ao setor. As propostas serão
levadas para a 1ª Conferência Nacional sobre Assistência Técnica e
Extensão na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária (1ª CNATER), que
acontece em abril, em Brasília.
Objetivos específicos
O
Seminário Temático da Juventude tem como objetivo motivar, envolver,
organizar e qualificar a participação política da juventude rural na 1ª
CNATER - Conferência Nacional da Assistência Técnica e Extensão Rural
estabelecendo estratégia da participação dos jovens que estão na ponta
do processo nas decisões das conferências territoriais e estaduais.
O
MDA pretende incluir as proposições que surgirem dos debates no
Documento Base da CNATER, estabelecer estratégias de participação para
aprimorar o debate acerca dos temas de interesse da juventude rural nas
conferências territoriais e estaduais. Além disso, espera-se ter maior
participação dos jovens na conferência nacional através da eleição de
delegados e delegadas jovens nas conferências estaduais.
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